quinta-feira, 1 de abril de 2010

Febre Amarela

Histórico


A origem do vírus causador da febre amarela foi motivo de discussão e polêmica durante muito tempo, porém estudos recentes utilizando novas técnicas de biologia molecular comprovaram sua origem africana. O primeiro relato de epidemia de uma doença semelhante à febre amarela é de um manuscrito maia de 1648 em Yucatan, México. Na Europa, a febre amarela já havia se manifestado antes dos anos 1700, mas foi em 1730, na Península Ibérica, que se deu a primeira epidemia, causando a morte de 2.200 pessoas. Nos séculos XVIII e XIX os Estados Unidos foram acometidos repetidas vezes por epidemias devastadoras, para onde a doença era levada através de navios procedentes das índias Ocidentais e do Caribe.

No Brasil, a febre amarela apareceu pela primeira vez em Pernambuco, no ano de 1685, onde permaneceu durante 10 anos. A cidade de Salvador também foi atingida, onde causou cerca de 900 mortes durante os seis anos em que ali esteve. A realização de grandes campanhas de prevenção possibilitou o controle das epidemias, mantendo um período de silêncio epidemiológico por cerca de 150 anos no País.

A febre amarela apresenta dois ciclos epidemiológicos de acordo com o local de ocorrência e o a espécie de vetor (mosquito transmissor): urbano e silvestre. A última ocorrência de febre amarela urbana no Brasil, foi em 1942, no Acre. Hoje, ainda se teme a presença da febre amarela em áreas urbanas, especialmente depois do final da década de 70, quando o mosquito Aedes aegypti retornou ao Brasil.

O ciclo silvestre só foi identificado em 1932 e desde então surtos localizados acontecem nas áreas classificadas como áreas de risco: indene (estados do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Maranhão) e de transição (parte dos estados do Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

No período de 1980 a 2004, foram confirmados 662 casos de febre amarela silvestre, com ocorrência de 339 óbitos, representando uma taxa de letalidade de 51% no período.



Mosquito da familia Haemagogus. Transmissor da FA Silvestre.



Mosquito Aedes aegypti. Transmissor da FA Urbana e também da Dengue.





Febre Amarela (FA) e o RS

No Brasil, nos últimos anos a FA Silvestre vem se manifestando fora de seus limites habituais de ocorrência, na forma de epidemias na região sudeste e Centro Oeste e epizootias em PNH na região sul (Rio Grande do Sul), com reativação de focos antigos, silenciosos há várias décadas (Bahia, São Paulo, Paraná).

No Rio Grande do Sul, ocorreu transmissão da FA no passado, sendo que os últimos casos humanos datam de 1966, quando houve vacinação em toda a região noroeste.

Em maio de 2001, a 12ª CRS notificou a ocorrência de morte de macacos nos municípios de Garruchos e Santo Antônio das Missões. Constatou-se FA como causa da morte. Na mesma localidade, foi isolado o vírus amarílico em mosquitos Haemagogus leucocelaenus. O Rio Grande do Sul, até então área indene em relação à FA, passou a ter a sua região noroeste (43 municípios) classificada como área de transição, com vacinação da população desses municípios e viajantes. Em novembro de 2002, a 4ª CRS comunicou a existência de um bugio doente no município de Jaguari, o animal veio a óbito. Feita a necropsia, análises comprovaram FA, determinando vacinação nos municípios de Jaguari, Mata e limítrofes, totalizando 9 municípios.
Durante o ano de 2002 foram adquiridos equipamentos para captura de PNH. A vigilância se estruturou de duas formas principais: vigilância ativa e vigilância passiva.

A vigilância ativa consiste basicamente em capacitação das CRS`s no manejo e captura de PNH e realização de inquérito sorológico. Os bugios são capturados utilizando dardos anestésicos. Amostras de sangue e soro são encaminhadas para análise. Até dezembro de 2008 foram capturados 212 macacos de duas espécies Alouatta guariba clamitans e Alouatta caraya em vários municípios do Estado. 

A vigilância passiva se baseia em notificação da ocorrência de morte de macacos por parte do município, o que desencadeia uma investigação no local.

A Divisão de Vigilância Ambiental prossegue no monitoramento das populações de primatas não humanos. Paralelamente são realizadas capturas da entomofauna para identificação das espécies de vetores da FA Silvestre para monitoramento e tentativa de isolamento viral.

Entre outubro de 2008 a julho de 2009 foram notificadas mortes de primatas em 151 municípios do Estado, sendo que em 150 deles foi diagnosticada FA como causa da morte dos animais. Ações de vacinação foram desencadeadas e a vigilância de novas epizootias foi reforçada.


 A seguir um video explicando sobre a Febre Amarela (FA). Reportagem exibida pelo Fantastico em 2008.




Perguntas e Respostas

1 - Pode haver problema se a pessoa tomar a vacina e logo depois ingerir álcool ?Não. Não há problema de associação de álcool com a vacina.

2 - Quem toma a vacina pode tomar qualquer tipo de medicamento depois. E se tomar remédio controlado? Tem alguma restrição. E os remédios que contem ácido acetilsalicílico , tipo as e aspirina?

Não há nenhum problema de interação medicamentosa entre a vacina e outros medicamentos, qualquer que seja o medicamento.

3 - É preciso evitar fazer movimentos bruscos com o braço depois da vacinação?

Não deve haver nenhuma preocupação com movimentação brusca após a vacinação.

4 - Uma pessoa sabe que há oito anos ela tomou algumas vacinas, mas não se lembra se entre elas está a de febre amarela. Ela pode se vacinar novamente?

Na dúvida, a recomendação é para se vacinar.

5 - Que tipo de reação a vacina pode provocar? Dor de cabeça, mal estar, ou outras?

Pode haver reações no local da injeção, com febre e mal estar. Mas esses efeitos são raros.

6 - A partir de quantos meses um bebê pode se vacinar?


O bebê pode ser vacinado a partir dos seis meses de idade, quando a criança reside em uma área em que há morte de macacos com suspeita de febre amarela e na área em que há casos de febre amarela silvestre. Mas fora dessas situações, o calendário de vacinações indica a partir de nove meses de idade.

7 - A doença se chama febre amarela por que quem a contrai fica obrigatoriamente com icterícia?

A icterícia é uma coloração amarelada que aparece na pele e nos olhos, que é uma característica da doença. Mas temos que lembrar que existem formas muito leves da doença que não chegam a formar a icterícia. Já a febre sim, essa acontece em todas as situações .

8 - A vacina não pode ser tomada por pessoas com baixa imunidade. Isso quer dizer que quem esteve doente há pouco tempo não pode tomar?

A vacina não é recomendável para pessoas que estão com baixa imunidade. Para quem esteve doente, depende de avaliação médica.

9 - E como avaliar quem tem ou não baixa imunidade? O que acontece se uma pessoa com baixa imunidade tomar a vacina?

Imunidade é quando a pessoa cuja defesa do organismo está em baixa. Mas geralmente as pessoas têm diagnostico por parte dos médicos que a acompanham. São aquelas pessoas que estão em tratamento de câncer, por exemplo, que estão tomando drogas imunosupressoras como corticóides com dosagens elevadas, algumas situações de portadores de HIV em que estejam com imunosupressão.

10 - Gestante pode tomar a vacina?

Não, há contra indicação para a vacinação em gestante.

11 - Quem está tentando engravidar pode tomar a vacina?

Não sendo indicada a vacina para gestantes, quem está tentando engravidar já pode estar grávida e, assim, não pode tomar a vacina nesse período.

12 - Existe alguma relação entre o retorno da febre amarela com o aquecimento global?
O aumento de temperatura e uma maior freqüência de chuvas não podem acelerar o processo de reprodução do mosquito e provocar epizootias?


Nesse momento, não se pode culpar o aquecimento global pelo que está acontecendo no Brasil. Mas, quando há aumento de temperatura, aumenta consequentemente a quantidade de chuvas e isso tem influência no aumento da população dos mosquitos , que são os vetores da doença.

13 - Existe algum cuidado específico que uma pessoa imunizada há menos de 10 dias precisa tomar para não se contaminar?

Não. A vacina assegura 100%% de imunização, após o décimo dia de aplicação. E essa proteção dura 10 anos.

14 - Retornando de um município em estado de alerta, a pessoa deve ficar atenta a quais sintomas?

Se ela não está vacinada é preciso verificar se aparece febre, dor de cabeça, dor no corpo, dor abdominal. Nessa situação, procurar um serviço de saúde.

15 - Em quanto tempo sai o resultado de um exame para a identificação do vírus no sangue?

Esse exame é muito especifico e complexo, leva no mínimo 15 dias por conta da técnica que é usada para o isolamento do vírus. Mas tem um outro exame que é a sorologia, e esse é rápido, ficando pronto em 48 horas.

16 - A doença passa de pessoa para pessoa?

Não. Não existe transmissão de pessoa a pessoa. A doença é sempre transmitida pelo mosquito contaminado.

17 - Faltando dois meses para vencer a vacina, a pessoa deve tomá-la novamente? A imunização é 100% garantida no período de 10 anos ou a eficácia da vacina diminui na medida em que o tempo vai passando?

A vacina tem cobertura total de 10 anos. Mas não há problema em repetir a vacina caso faltem dois meses para vencer os 10 anos.

18 - Existe a necessidade de algum jejum (de comida ou mesmo bebida alcoólica) para tomar a vacina?

Não há qualquer recomendação nesse sentido.

19 - A vacina provoca reações adversas?

Sim, qualquer medicamento pode provocar reações adversas. A vacina pode provocar dor de cabeça, febre e mal estar em algumas pessoas.

20 - Se a pessoa perdeu o cartão de vacinação, ela pode ir ao posto se vacinar?

Sim.

21 - Os hospitais também estão vacinando?

Depende da organização dos serviços em cada município e em cada cidade. Em alguns hospitais há salas de vacinas. Mas geralmente as salas de vacinas estão nas unidades básicas de saúde da família.

22 - Há algum tipo de doença (hipertensão, diabetes, ou outra) que restringe a vacinação?

Nessas condições citadas não existem contra-indicações para a vacinação.

23 - Além do Aedes aegypti, outro mosquito transmite a febre amarela? Ele também se reproduz da mesma forma que o da dengue, ou seja, em água parada? Como podemos prevenir a reprodução do mosquito?

O aedes aegypti é o transmissor da febre amarela nas cidades. Mas a febre amarela que temos hoje no Brasil é a de transmissão silvestre, transmitidas pelos vetores silvestres chamados haemagogus e sabethes. Prevenir esse mosquito é impossível porque faz parte da natureza e são seres silvestres. A reprodução desses mosquitos está mais ligada ao ambiente silvestre.

24 - Qual é a chance, em porcentagem, de uma pessoa contaminada morrer?

A chance é muito elevada se a gente considerar as formas graves da doença, que pode chegar até 100%. Mas se a gente considerar que a febre amarela tem varias formas de apresentação clinica, esse índice se reduz, essa letalidade se reduz a uns 10%. Nos últimos 10 anos, a letalidade foi de 46%.

25 - O que devem fazer as pessoas que não podem se vacinar (grávidas, alergia a ovo etc)?

Procurar orientação médica. Em caso de não ter como evitar a permanência em áreas silvestres, a pessoa deve reforçar o uso de repelentes.

26 - Nesta época do ano, muitos brasilienses ainda estão viajando e ainda não retornaram para o trabalho e para o início do ano letivo em Brasília. Dado o período de imunização ser de dez dias após a vacinação, estas pessoas devem se vacinar nas cidades em que se encontram, antes de voltarem a Brasília? É fácil conseguir a vacina em outros estados?

Se estiverem em área silvestre consideradas de risco,devem tomar a vacina e as precauções necessárias para evitar a doença.

27 - Como fica a situação das famílias que estão viajando com bebês que têm entre seis meses e um ano? Nacionalmente, é recomendada a vacinação contra febre amarela a partir de um ano de idade. Mas, no DF, este limite foi antecipado para seis meses. Os bebês que tem entre seis meses e um ano e estão viajando poderão ser vacinados fora do DF?

Depende da região em que essa criança se encontra. Se ela está em região em que a indicação é a vacinação a partir de seis meses, como em Goiás e DF, então ela deve vacinar a partir dos seis meses de idade.

28 - Recém-nascidos também podem tomar a vacina de febre amarela?

Não, Apenas a partir dos seis meses de idade nas áreas de risco e onde há indicação de antecipar a idade vacinal.

29 - Pessoas que farão viagens internacionais e não tomaram vacina antecipadamente podem ser impedidas de viajar por não estar em dia com a vacina?

Sim. Se o país para o qual ele se dirige exige a vacinação. Nem todos exigem essa vacinação. A publicação é feita anualmente na pagina da OMS e também na Anvisa. Nem todos os países exigem, mas se você não está com a vacina em dia, você corre o risco de voltar sim.

30 - Como se caracteriza uma epidemia de febre amarela? Quantas pessoas com a doença precisam ser identificadas?

A epidemia não se restringe a uma área. Considera-se epidemia quando a doença atinge uma grande parte de municípios, de um estado, outras áreas territoriais e às vezes até de outros estados.


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Outras Informações, em nosso blog no menu lateral diretito em Categorias clique em Febre Amarela.


Fontes:
 Secretaria de Saúde  - RS
Site: http://www.saude.rs.gov.br/wsa/portal/index.jsp?menu=servicos&cod=22246 
 Assessoria de Comunicação Social/Divisão de Imprensa - Ministério da Saúde
Telefone: 61 3315-3507

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