Publicado em: 23/02/10 - 09h46.
Doença afeta 100 milhões de pessoas por ano; alteração genética limita desenvolvimento de asas das fêmeas.
Pesquisadores americanos e britânicos estão criando um tipo de mosquito transgênico em um esforço para conter a propagação da dengue. O vírus que provoca a dengue se propaga através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e não há vacina para a doença.
Chefe da pesquisa é da Universidade de Oxford e proprietário da Oxitech
Segundo especialistas, a dengue afeta até 100 milhões de pessoas por ano e ameaça mais de um terço da população mundial.
Produzir e liberar um número suficiente de mosquitos transgênicos será um dispendioso desafio logístico
Cientistas esperam que os machos transgênicos que estão criando cruzem com fêmeas para produzir outras fêmeas que herdem um gene que limita o crescimento das asas. Essas fêmeas têm sua capacidade de voar limitada, o que resultaria na supressão da população do mosquito.
O estudo foi publicado na "Proceedings of the National Academy of Sciences".
Sem utilidade para malária
Os pesquisadores dizem que seu trabalho oferece uma alternativa segura e eficiente a inseticidas e pode ser usado para impedir a propagação de outras doenças através de mosquitos, como a malária.
"Os atuais métodos de controle não são eficazes o suficiente, e são urgentemente necessários novos métodos", afirmou Anthony James, da Universidade de Califórnia, câmpus de Irvine.
"O controle do mosquito que transmite o vírus pode reduzir significativamente a mortalidade humana."
O chefe da pesquisa, Luke Alphey, da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, e proprietário de uma companhia de ciência aplicada, Oxitech Ltd, disse que a abordagem científica tem um foco bem específico. "A tecnologia é totalmente específica para uma espécie, já que os machos liberados vão cruzar só com fêmeas da mesma espécie."
"Uma outra característica atraente desse método é que todas as pessoas em áreas tratadas estarão igualmente protegidas, independente de suas posses, poder ou grau de instrução."
Hilary Ranson, da Faculdade de Higiene e Medicina Tropical de Liverpool, na Grã-Bretanha, disse que o trabalho científico é um grande avanço.
"Será um desafio logístico produzir e liberar um número suficiente de mosquitos machos e não vai ser barato. Mas pode ser realizado com os recursos adequados."
Ranson disse que a dengue é uma doença ideal para ser combatida dessa maneira porque é propagada por apenas algumas poucas espécies de mosquito. Segundo a acadêmica, seria mais difícil usar técnica semelhante no combate à malária por causa da variedade de mosquitos portadores.
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