BLOCO DA DENGUE INVADE CARNAVAL

Bloco organizado pela Secretaria da Saúde participou do carnaval de Quintão.

Teníase (Solitária)

Conheça este parasíta e aprenda a prevenir-se.

Projeto Verão Legal de Dengue

No dia 05/02 ocorreu a blitz do Projeto " Verão Legal sem Dengue" na praia do Quintão na Avenidas dos Bancarios.

Blitz Contra a Dengue

Blitz realizada em frente ao Supermercado Lang, com o intuito de instruir os cidadãos que por alí transitavam.

I Campeonato de Maquetes

Campeonato realizado no Dia Nacional de Combate a Dengue no ginasio municipal de esportes que contou com a participação de varias maquetes. Também houve distribução de premios para as melhores maquetes.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O EFEITO BUMERANGUE (PROLIFERAÇÃO)

                  Um fenômeno aparentemente desconcertante, é o aumento do número de roedores infestantes de uma determinada área, onde alguns meses antes foi praticada uma operação de desratização. Esse fenômeno tem base biológica e é sempre resultante de uma intervenção errada feita pelo homem.

        Uma dada colônia de roedores, uma vez completamente estabelecida numa certa área, alcança uma situação de equilíbrio após algum espaço de tempo, em função de seu tripé biológico: disponibilidade de água, disponibilidade de alimento e existência de abrigo.
      O número de exemplares de uma colônia parece ser determinado principalmente pelo fator alimento, mais que os outros fatores, quanto mais alimento disponível, maior será o número de roedores nessa colônia. O inverso também é verdadeiro: se a oferta de alimentos diminui, o número de roedores tende também a diminuir.
           Para um melhor entendimento do efeito bumerangue (vide ilustrações a seguir), tomemos um exemplo virtual onde numa certa área existiria uma colônia estabilizada de 10 ratos, número esse fixado em função de fatores intrínsecos (da própria colônia) e extrínsecos (ambientais) dentre os quais ressalta a disponibilidade de alimento.
          Atingido o limite numérico dessa colônia (10 adultos no nosso exemplo) a simples existência de um outro membro será excessiva, colocando em risco a sobrevivência coletiva da colônia, uma vez que, em nosso exemplo, só há alimento suficiente para sustentar 10 adultos nesse território.
        ma série de mecanismos biológicos garante a manutenção dessa colônia sempre com os mesmos 10 exemplares. Entre eles: baixa fecundidade e baixa fertilidade das fêmeas, diminuição da freqüência e até supressão dos cios e, principalmente canibalismo dos recém-nascidos. Somente quando ocorre a morte de algum membro da colônia é que sua vaga será preenchida por algum filhote mais vigoroso, mais aparelhado para atingir a idade adulta. Claro que esse mecanismo não é estático, trata-se de um processo dinâmico e contínuo, mas capaz de exercer uma auto-regulação da colônia a níveis populacionais compatíveis com a própria sobrevivência da espécie naquele local.



Efeito bumerangue I.




          Suponha agora que o homem decida intervir nesse ecossistema equilibrado partindo para a eliminação dessa colônia. Mas, também digamos que essa intervenção tenha sido mal planejada e/ou mal executada, de forma errada ou incompleta, de tal sorte que o objetivo de controle pela eliminação da maioria dos ratos ali existentes não seja atingido. Digamos então que apenas quatro dos 10 ratos existentes tenham sido eliminados, restando seis adultos sobreviventes.
          A partir desse instante, começará a haver uma “sobra” de alimento, representada pelas porções dos quatro ratos eliminados. Esse será o sinal de partida que desencadeará uma série de mecanismos biológicos inversos aos que vinham limitando o crescimento excessivo da colônia, com o objetivo de preservar a espécie.
          As fêmeas entrarão em cio que será fértil e prolífero, os recém-nascidos não serão canibalizados, desenvolvendo-se normalmente.




Efeito bumerangue II.




          Voltando ao nosso exemplo, suponha então que 20 filhotes tenham nascido em função desse novo fenômeno. Após o desmame, e durante curto prazo de tempo, esses filhotes vão desenvolver-se às custas daquelas quatro porções de alimento que estavam sobrando. Todavia, essa situação não pode perdurar por muito tempo, pois as necessidades alimentares de cada um desses 20 filhotes crescem à medida que eles tornam-se maiores.
          Chega um determinado momento onde, para garantir sua sobrevivência, esses filhotes entram em disputa física pela posse definitiva de uma das quatro vagas disponíveis com direito a alimento. Apenas os quatro filhotes melhores dotados fisicamente vencerão essa competição. A colônia então estará refeita com 10 membros: os seis adultos originais mais os quatro filhotes vencedores.
          A partir desse instante, os 16 filhotes de nosso exemplo que não conseguiram as vagas disponíveis, passarão a representar uma séria ameaça à colônia, pois disputarão o restrito alimento disponível no território. Como instinto de autodefesa, a colônia, unida, parte para tentar eliminar esse novo risco atacando aqueles filhotes. Estes, menores em tamanho e força, não poderão sustentar luta pela posse do território e, sob risco de serem mortos, fogem do território onde nasceram e vão localizar-se em áreas vizinhas e contíguas, onde formarão novas colônias. Se algum tempo depois voltarmos a essa área, encontrar-se-ão, para surpresa, não mais os 10 ratos que nos preocupavam tanto, mas 26 deles (10 da colônia original e mais os novos 16 distribuídos em colônias vizinhas, igualmente reguladas pela disponibilidade de alimento).




Efeito bumerangue III.




          O efeito bumerangue é um fenômeno biológico bem mais freqüente e comum do que se imagina e seus fundamentos devem ser evitados a todo custo. Em outras palavras, a intervenção humana em áreas infestadas por roedores tem, necessariamente, que ser decisiva, completa, abrangente e continuada. Uma intervenção errônea pode causar efeitos desastrosos e somente conduzirão a situações futuras de difícil e onerosa solução.

Medidas preventivas e corretivas (anti-ratização)

Identificação






          A identificação da espécie (ou espécies) infestante(s) na área alvo é uma necessidade absoluta, posto que, ao identificar-se qual o roedor problema, automaticamente obtém-se uma série preciosa de informações sobre sua biologia, hábitos e habilidades Tais conhecimentos são indispensáveis facilitando sobremaneira o planejamento das ações de combate.

          Essa identificação poderá ser feita, sempre que possível, pelo exame das características fìsicas de um espécime recolhido na área; se um exemplar não estiver disponível, o exame das numerosas fezes (cíbalas) facilmente encontradas na área permitirão o diagnóstico, no caso das espécies comensais.

Local com fezes em quantidade, evidenciando a presença de roedores



          Se for possível recolher dados que permitam uma avaliação prévia da intensidade da infestação, o planejamento será mais acurado, principalmente no aspecto de cálculo sobre os volumes de raticidas a serem eventualmente utilizados.





Medidas preventivas e corretivas (anti-ratização)


          É o conjunto de medidas preventivas e corretivas adotadas no meio ambiente que visam impedir e/ou dificultar a implantação e expansão de novas colônias de roedores.
          Examinado o ambiente e identificada a espécie, tem-se condições de apontar as razões da ocorrência daquela infestação: de onde vem, para onde está indo, por onde passa e circula, o que busca e de que se alimenta, onde estão suas ninheiras, etc.
          Com base nesses dados, pode-se apontar as medidas que, no conjunto, sejam capazes de interferir na instalação, sobrevivência e livre proliferação dos roedores infestantes naquela área.
          Algumas dessas medidas são corretivas do meio ambiente e visam a retirada de certas condições que estão facilitando a infestação dos roedores. Entre elas, por exemplo:
          - Um manejo adequado do lixo com melhor acondicionamento, locais de deposição e transporte apropriados e protegidos dos roedores.


Lixo jogado dentro de córrego obstruindo a passagem das águas


Lixo para ser coletado pelo lixeiro, sujeito ao ataque de roedores



          O lixo doméstico deve ser acondicionado em latões tampados para que não sejam acessados por roedores. Se forem, no entanto, acondicionados em sacos plásticos, estes não devem ser deixados nas calçadas, ao nível do piso à espera do caminhão coletor; devem ser dispostos sobre anteparos apropriados que os mantenham longe do solo ou sobre o muro da residência, se este for de uma altura que permita ser recolhido manualmente pelo gari.


Disposição de lixo fora da lixeira, faciliando o alcance pelo roedor


          Os vazadouros do lixo coletado pelo serviço público, devem ser operados como aterro sanitário e não como depósito a céu aberto, conhecidos como “lixões”.

Lixão a céu aberto atraindo a presença de roedores e outros animais


          - Um reparo de danos estruturais que possam estar servindo de via de acesso aos roedores.

Danos em esgoto domiciliar


          - A modificação de vias de acesso naturais eventualmente existentes.
          - A remoção de entulhos e materiais inservíveis que possam estar servindo de abrigo aos roedores.



Entulhos no quintal de domicílio


          - A canalização de córregos a céu aberto é por si só uma medida que dificulta extraordinariamente a instalação de ratazanas nas barrancas de suas margens.
          Um outro conjunto de medidas, agora de caráter preventivo, poderá evitar a penetração ou a presença de roedores na área. Pode-se citar entre elas, a título de exemplo:
          - A construção de edificações à prova de roedores, ou seja, construir de forma tal que a penetração ativa dos roedores naquelas instalações torne-se praticamente impossível.


Ilustrações mostrando edificações à prova de roedores



          - Aplicação de defensas nas estruturas de sustentação (pilotis, vigamento do telhado, etc.) e nas fiações aéreas que chegam à edificação. Essas defensas são discos de lata com forma de “chapéu chinês” que, ajustados em torno das colunas e vigas, impedem a ultrapassagem dos roedores, quando colocados a no mínimo 1,50 m do solo. Em torno de fios e cabos, discos planos de lata com raio mínimo de 40 cm, constituem barreiras intransponíveis para os roedores em geral.


Aplicação de defensas nas estruturas de sustentação



          - Criação de barreiras físicas nas galerias subterrâneas de água, esgotos, águas pluviais ou de cabeamento.
          - Aplicação de dispositivos unidirecionais no primeiro segmento de manilha conectada ao vaso sanitário, dispositivos esses que impedem o acesso dos roedores por essa via.
          - Uso de ralos metálicos chumbados ao piso com grade permanente.
          - Uso de fortes telas metálicas de 6 mm vedando os respiradouros (especialmente dos porões) e no bocal das calhas e condutos de águas de chuva.
          - Evitar o acúmulo de entulhos, de materiais de construção ou inservíveis e outros materiais próximos às residências.
          - Construção de lixeiras de alvenaria vedando o acesso dos roedores.
          - Reflorestamento com espécies nativas ou reconhecidas como pertencentes àquele bioma8, o que visa recompor o ecossistema antes perdido da região.



Desratizacão


          A desratização é a utilização de processos capazes de produzir a eliminação física dos roedores infestantes. Esse objetivo pode ser atingido, especialmente quando a infestação for inicial ou de grau leve a moderado, por meio de processos mecânicos ou físicos como o emprego de ratoeiras, armadilhas e outros dispositivos de captura. O uso de aparelhos de ultra-som ou eletromagnéticos não é recomendável em larga escala em virtude de seu limitado potencial de ação e os custos de manutenção.
          As armadilhas colantes podem ser empregadas com relativo sucesso contra camundongos (Mus musculus) e outros não comensais de igual porte (Oligoryzomys, Akodon e Bolomys) mas sofrem restrições de caráter humanitário em virtude da lenta agonia a que o animal capturado é submetido.
          Outra forma de obter-se a eliminação dos roedores infestantes é por meio de processos químicos, onde são utilizadas substâncias denominadas genericamente de raticidas, embora fosse mais apropriado chamá-las de rodenticidas.
          Em todo o mundo, o grupo químico mais utilizado como raticida são os anticoagulantes por serem muito eficazes a baixo custo, além de possuírem razoáveis margens de segurança no uso e, acima de tudo, a existência de antídoto confiável.
          Tratados num capítulo à parte neste manual, os métodos de combate visam a diminuição rápida dos níveis de infestação encontrados numa área problema.



Avaliação e monitoramento


          A derradeira fase de um manejo integrado voltado para roedores é a avaliação dos resultados com um acompanhamento posterior para evitar seu recrudescimento. Reinspeções periódicas da área devem ser programadas e executadas por pessoal treinado, capaz de, a uma simples inspeção, identificar os clássicos sinais da presença de roedores: materiais roídos, trilhas, manchas de gordura, fezes, etc.
          Pequenos segmentos de tábuas planas polvilhadas com talco, se colocadas nos pontos mais prováveis de circulação dos roedores, evidenciarão claramente suas pegadas e deflagrarão a intensificação do programa de controle.
          O manejo integrado dos roedores é o método mais eficaz para atingir-se níveis de controle e até a erradicação de uma infestação murina, porque combate o roedor em três frentes ao mesmo tempo, por meio de medidas preventivas, de medidas corretivas do meio ambiente e da eliminação do roedor já instalado na área. Contudo, como todo método, não é infalível e é fortemente dependente da ação de seus executores, ou seja, requer atenção e especialização no assunto, além da participação efetiva da comunidade envolvida. Se mal empregado ou conduzido de forma inapropriada, o controle dos roedores pode desembocar em outra vertente, desta feita indesejável, que é o chamado “efeito bumerangue”.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ROEDORES SINANTRÓPICOS COMENSAIS (Part 01 - Camundongos)

          Os ratos e os camundongos, pertencem à subordem Sciurognathi, família Muridae, subfamília Murinae; são considerados sinantrópicos por associarem-se ao homem em virtude de terem seus ambientes prejudicados pela ação do próprio homem.
          Das espécies sinantrópicas comensais, a ratazana (Rattus norvegicus), o rato de telhado (Rattus rattus), e o camundongo (Mus musculus), são particularmente importantes por terem distribuição cosmopolita e por serem responsáveis pela maior parte dos prejuízos econômicos e sanitários causados ao homem. No quadro 1  encontram-se informações acerca da biologia, comportamento e morfologia dessas três espécies comensais.



Camundongo - Mus musculus


          O camundongo, também conhecido por mondongo, catita, rato caseiro, rato de gaveta, rato de botica, muricha e ainda por outras denominações regionais, é a espécie que atinge maior nível de dispersão, sendo encontrado praticamente em todas as regiões geográficas e climáticas do planeta. É originária das estepes da Ásia Central, região onde se acredita, tenha se desenvolvido inicialmente a agricultura. Neste período, os camundongos tornaram-se comensais do homem ao invadirem os locais onde os cereais colhidos eram estocados. Sua associação com o homem é, portanto, bastante antiga, sendo a habitação humana compartilhada com esses roedores há alguns milhares de anos.
          São animais de pequeno porte que raramente ultrapassam 25 g de peso e 18 cm de comprimento (incluindo a cauda); dessa forma, são transportados passivamente para o interior das residências, tornando-se  importantes pragas intradomiciliares. Uma vez em seu interior, podem permanecer longo período sem serem notados, sendo sua existência detectada quando a infestação já estiver estabelecida. Seu raio de ação é pequeno, raramente ultrapassando os 3 m. Camundongos costumam fazer seus ninhos no fundo de gavetas e armários pouco utilizados, no interior de estufas de fogões e em quintais onde são criados animais domésticos. Neste último caso, podem cavar pequenas ninheiras no solo, semelhantes às das ratazanas, podendo formar numerosos complexos de galerias onde houver grande oferta de alimentos.



Exemplar de Mus musculus (3).



Exemplar de Mus musculus (3).



Exemplar de Mus musculus (3).


          São onívoros como a ratazana e o rato de telhado, ou seja, alimentam-se de todo tipo de alimento, embora demonstrem preferência pelo consumo de grãos e cereais. São animais curiosos e possuem o hábito de explorar ativa e minuciosamente o ambiente em que vivem (neófilos), não apresentando o comportamento de neofobia, característico dos ratos de telhado e ratazanas. Podem penetrar em 20 a 30 locais por noite em busca de alimento, trazendo sérios problemas de contaminação de alimentos em despensas e depósitos em geral, além de dificultar o seu controle por raticidas.
          Apesar dos riscos que a sua presença pode trazer nas habitações humanas, os camundongos nem sempre são tidos como nocivos sendo até tolerados por grande parte da população. Além disso, há poucas informações sobre a real incidência desta espécie no Brasil, não havendo dados confiáveis a respeito de sua distribuição, dispersão e seu papel na transmissão de doenças.

ROEDORES SINANTRÓPICOS COMENSAIS (Part 02 - Rato de telhado)

Rato de telhado - Rattus rattus


          O rato de telhado, também conhecido como rato preto, rato de forro, rato de paiol, rato de silo ou rato de navio é o roedor comensal predominante na maior parte do interior do Brasil, sendo comum nas propriedades rurais e pequenas e médias cidades do interior.



Exemplar de Rattus rattus(1).




 Exemplar de Rattus rattus(2).

 

          Além das diferenças morfológicas, os ratos de telhado apresentam hábitos, comportamentos e hábitat bastante distintos da ratazana. Por ser uma espécie arvícola, os ratos de telhado ainda cultivam o hábito de viver usualmente nas superfícies altas das construções, em forros, telhados e sótãos onde constroem seus ninhos, descendo ao solo em busca de alimento e água. Vivem em colônias de indivíduos com laços parentais, cujo tamanho depende dos recursos existentes no ambiente. Seu raio de ação tende a ser maior que o da ratazana, devido à sua habilidade em escalar superfícies verticais e à facilidade com que anda sobre fios, cabos e galhos de árvores.
          Sua dispersão em zonas urbanas tem sido facilitada pelas características de verticalização das grandes cidades aliadas aos modelos de construção e decoração dos modernos prédios de escritórios: forros falsos e galerias técnicas para passagem de fios e cabos permitem o abrigo e a movimentação vertical e horizontal desta espécie. Em algumas cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro e São Paulo, a presença do Rattus Rattus é cada vez mais comum e predominante em bairros onde anteriormente a ratazana dominava, possivelmente pelo fato dos programas serem direcionados ao controle desta espécie.



 Exemplar de Rattus rattus(3).




          O papel do Rattus rattus na transmissão de doenças como a leptospirose ainda é pouco conhecido, mas seu hábito intradomiciliar permite um contato mais estreito com o homem. Sendo assim, é necessário que o potencial desta espécie como transmissora de doenças seja melhor estudado, para que a necessidade de controle da espécie seja fundamentada também sob o ponto de vista sanitário.

ROEDORES SINANTRÓPICOS COMENSAIS (Part 03 - Ratazana)

Ratazana - Rattus norvegicus
          A ratazana, também conhecida como rato de esgoto, rato marrom, rato da Noruega, gabiru, etc., é a espécie mais comum na faixa litorânea brasileira. Vive em colônias cujo tamanho depende da disponibilidade de abrigo e alimento no território habitado, podendo atingir um grande número de indivíduos em situações de abundância alimentar. É uma espécie de hábito fossorial5, seu abrigo preferencial fica abaixo do nível do solo. Com o auxílio de suas patas e dentes, as ratazanas cavam ativamente tocas e/ou ninheiras no chão, formando galerias que causam danos às estruturas locais. Encontram-se facilmente em galerias de esgotos e águas pluviais, caixas subterrâneas de telefone, eletricidade, etc. Podem, também, construir ninhos no interior de estruturas, em locais pouco movimentados, próximos às fontes de água e alimentos.
          Embora possam percorrer grandes distâncias em caso de necessidade, os indivíduos desta espécie têm raio de ação (território) relativamente curto, raramente ultrapassando os 50 metros. Na área delimitada por feromônios constroem seus ninhos, onde se alimentam, procuram e defendem seus parceiros sexuais. Este território é ativamente defendido de intrusos que são expulsos por indivíduos dominantes da colônia.



Exemplar de Rattus norvegicus(1).







Exemplar de Rattus norvegicus(2).


          Costumam apresentar marcada neofobia, isto é, desconfiança a novos objetos e/ou alimentos colocados no seu território. Este comportamento varia de população para população e de indivíduo para indivíduo, sendo mais acentuado naqueles locais onde há pouco movimento de pessoas e objetos. Nestes locais, o controle é mais lento e difícil de ser atingido, em virtude da aversão inicial dos indivíduos às iscas, porta-iscas e armadilhas colocadas no ambiente. Já nos locais onde haja movimento contínuo de pessoas, objetos e mercadorias, a neofobia é menos acentuada ou inexistente e os novos alimentos (iscas) e objetos (armadilhas) são imediatamente visitados, tornando-se, desta forma, mais fácil o seu controle.
          A dispersão das ratazanas pode se dar passivamente, quando indivíduos são transportados em caminhões, navios, trens, no interior de contêineres, etc., ou ativamente, quando o indivíduo deixa sua colônia em busca de outro local para abrigo. As razões que levam um indivíduo a esta situação são bastante diversas, mas é certo que a redução da disponibilidade de alimento e abrigos por alterações ambientais são fatores importantes na dispersão dos roedores. Outra pressão importante que provoca a dispersão é o excesso populacional.
          O processo de urbanização desenfreada e sem planejamento da maioria das cidades de médio e grande porte do Brasil têm favorecido o crescimento da população e a dispersão das ratazanas. Fatores como a expansão de favelas e loteamentos clandestinos sem redes de esgoto e principalmente com coleta de lixo inadequada ou insuficiente, certamente têm propiciado o aumento desta espécie. Epidemias de leptospirose ocorrem geralmente nos ambientes degradados, não deixando de ocorrer, no entanto, em áreas adequadamente urbanizadas. São cada vez mais comuns casos de mordeduras por ratazanas ou toxi-infecções causadas por ingestão de alimentos contaminados pelos roedores.
          Outro fator a ser ressaltado é o freqüente envenenamento acidental por raticidas e outras substâncias tóxicas utilizadas inadequadamente pela população em geral no controle de roedores.

BIOLOGIA DOS ROEDORES

Características e comportamento das principais espécies de roedores sinantrópicos comensais
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