sexta-feira, 20 de agosto de 2010

VEZO: Bicho Geográfico (LMC) e LMV

Larva migrans cutânea

          A larva migrans cutânea (LMC), dermatite serpiginosa ou dermatite pruriginosa, conhecida popularmente como bicho geográfico, é uma série de manifestações patológicas causada geralmente por parasitas específicos do intestino delgado de cães e gatos que eventualmente atingem o homem. As larvas infectantes deixam marcas parecidas com um mapa na pele do homem devido à sua migração e conseguem avançar de 1 a 2 cm por dia na pele.

          A larva possui distribuição cosmopolita, no entanto apresenta maior incidência em regiões subtropicais e tropicais. Trata-se de manifestações patológicas onde as espécies envolvidas só sobrevivem um período no hospedeiro anormal, sem completar a totalidade do ciclo evolutivo.


Agentes infectantes

          A LMC é causada por estágios larvais das espécies de Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum.

          Menos freqüentemente, a LMC pode ser causada por larva de Uncinaria stenocephala, Ancylostoma tubaeforrne, Gnathostorna spinigerurn (também parasitas de cães e gatos), cepas de Strongyloides stercoralis ajustadas a cães e gatos, Bunostornurn phlebotomum (parasitas de bovinos), Strongyloides myopotami (de roedores) eStrongyloides procyones (de canídeos silvestres).

          Larvas de moscas do gênero Gasterophilus e Hipoderma e formigas da espécie Solenopis geminata também podem provocar o mesmo conjunto de manifestações patológicas.





Ciclo biológico

          Os agentes etiológicos fêmeas da LMC fazem a postura de ovos no sistema intestinal dos cães e gatos, e esses ovos são eliminados juntamente com as fezes desses animais no ambiente. Em condições apropriadas forma-se a larva de primeiro estágio, L1, ainda no interior do ovo.

          Posteriormente esses ovos eclodem, e as larvas alimentam-se no ambiente de microorganismos e matéria orgânica. Após uma semana a larva L1 sofre duas modificações e torna-se L3, que é a larva infectante. As L3, diferentemente das L1, não se alimentam e têm um índice de sobrevivência alto no ambiente, de até várias semanas.

          Nos cães e gatos a infecção pode ocorrer pelas via oral, trasplacentária e cutânea. Cerca de um mês depois as larvas atingem seu estado maduro e são eliminadas nas fezes dos cães e gatos.


Infecção no ser humano

          A infecção é dada pelo contato da pele com as larvas L3 infectantes. Apesar de estas serem comuns nas areias das praias, os ovos progridem em qualquer terreno que lhes garanta calor e umidade suficientes para virarem larvas. Por isso, também são freqüentemente encontrados em outros locais onde cães e gatos defecam, como montes de areia de construção.

          Quando as pessoas pisam ou sentam em locais infestados, as larvas tratam de perfurar a pele superficialmente e começam a caminhada que abrirá verdadeiros túneis na pele da vítima. Infectam notadamente as crianças, que têm a pele fina.



Manifestações clínicas

Pele afetada pelo bicho geográfico.
          No momento em que entram no organismo às vezes não causam nenhuma alteração perceptível, mas podem provocar eritema e prurido. No local em que as larvas penetram, inicialmente surge uma lesão eritemopapulosa, que transforma-se em lesão vesicular.

          Por estar em pele humana, a larva não consegue se aprofundar para atingir o intestino (o que ocorreria no cão e no gato), e caminha sob a pele formando um túnel tortuoso e avermelhado. Mais comum em crianças, as lesões são geralmente acompanhadas de muita coceira.

          Os locais mais comumente atingidos são os pés, pernas, braços, mãos, antebraços e nádegas, e mais raramente a região da boca. Pode ocorrer como lesão única ou múltiplas lesões. Devido ao ato de coçar é freqüente a infecção secundária das lesões.


Tratamento

          Estrutura química do tiabendazol. Em casos benignos de LMC, geralmente não é necessária a utilização de medicamentos. Todavia, em casos em que a infecção dure mais tempo esta é a droga de escolha para aplicação tópica.

          Dependendo da extensão da doença, o tratamento pode ser feito por via oral para os casos mais extensos, ou pelo uso de medicação tópica (pomadas dermatológicas) nos casos mais brandos. Quando a infestação é pequena o tratamento pode ser feito apenas com pomadas específicas, mas geralmente não é necessário utilizar qualquer medicamento. No caso de infestações maciças ou em que o medicamento local não funcione, faz-se o tratamento por via oral.

          O medicamento de escolha aplicado por via tópica contém como princípio ativo o tiabendazol. Em infecções múltiplas e mais persistentes, ele é associado ao tiabendazol por via oral. Têm sido utilizados também albendazol e ivermectina via oral para tratamento de LMC. Esse tratamento pode provocar efeitos colaterais como náuseas, diarreia, anorexia,dor de cabeça, tontura e alergia, e sua segurança durante a gravidez não foi estabelecida.

          Caso o paciente tenha alergia a essas medicações, utilizam-se alternativamente neve carbônica ou cloretila, que matam a larva pela baixa temperatura.


Epidemiologia e Controle
Fezes caninas no ambiente
 podem conter ovos de larvas
 de agentes infectantes da LMC.

          A ocorrência de LMC é intimamente ligada à presença de cães e gatos nos locais compartilhados com o homem. É comum a presença de larvas em areias de parques infantis e as crianças são mais facilmente atingidas pois costumam brincar com a areia. Todavia, considerando a prevalência da contaminação dos cães, a contaminação em humanos é baixa.

          O controle é realizado através da conscientização populacional no sentido de não levar esses animais a locais públicos e realizar neles exames parasitológicos, acompanhados do tratamento adequado. Também devem ser eliminados cães vira-latas que apresentam alto índice de contaminação.

          A profilaxia consiste em evitar o contato com a areia ou terra, utilizando-se proteções como chinelos, sapatos, toalhas, etc.


Toxocaríase (Larva Migrans Visceral - LMV)

Definição

          Síndrome causada por nematódeos da família Ascarídea, gênero Toxocara, espécies T. canis e T. cati.


Etiologia

          Seus hospedeiros definitivos são cães e gatos, as larvas vivem no trato gastrintestinal desses animais. A infecção em humanos geralmente é causada pela T. canis e ocorre através da ingestão de alimentos contaminados com ovos viáveis. No intestino delgado, há a liberação da larva que atravessa a mucosa intestinal e, através da via linfática, atinge a circulação portal do fígado, a partir daí alcança os pulmões através da circulação sangüínea. No pulmão, atinge as capilares pulmonares, alcançando a artéria pulmonar, câmaras cardíacas esquerdas e disseminando-se para todo o organismo via hematogênica. Presente mundialmente. Áreas urbanas com maior concentração de cães e gatos possuem maior contaminação do solo de praças e parques públicos, representando importantes fontes de in fecção. Grupo de maior risco de exposição são crianças e pessoas com cães e gatos no intradomicílio. As crianças apresentam maior risco de contágio devido ao hábito de colocar as mãos na boca sem higiene adequada.


Clínica

A intensidade da manifestação clínica varia de acordo com o grau de parasitismo, da intensidade de resposta inflamatória e dos órgãos acometidos.

--> Formas leves: assintomática.

--> Formas clássicas: febre, astenia, irritabilidade, anorexia e perda de peso, tosse com sibilos, sudorese e rash cutâneo ou lesões urticariformes. Hepatoesplenomegalia ao exame físico. Comprometimento do SNC tem sido descrito, caracterizado por crises convulsivas e distúrbios de comportamento. Outras manifestações possíveis são miocardite e nefrites.

--> Forma ocular: decorre da formação da massa granulomatosa eosinofílica ao redor do parasita, geralmente no pólo posterior. A lesão pode mimetizar retinoblastoma. A apresentação clínica inclui endoftalmite, uveíte e corioretinite. Os sintomas mais comuns são alteração da acuidade visual unilateral, estrabismo e dor ocular.


Diagnóstico

--> Laboratorial inespecífico:
forma assintomática – leucocitose com eosinofilia;
forma clássica – eosinofilia persistente, hipergamaglobulinemia e elevação do título de iso-hemaglutinina. Na radiografia de tórax, pode-se observar infiltrado pulmonar transitório e migratório.

--> Sorologias (ELISA).
Pesquisa de anticorpo no humor vítreo para forma ocular.
PPF: não é útil para diagnóstico, pois o ovo e a parasita não atingem forma adulta no organismo humano.

--> Diagnóstico diferencial
Ascaridíase, esquistossomose, estrongiloidíase, fasciolíase, reações de hipersensibilidade, vasculites.


Fontes: 

1 comentários:

eu acho isso muito nojento. Mais é bom colocar para as pessoas se previnirem.

Postar um comentário