A dirofilariose canina:
A Dirofilariose, ou o parasita do coração, é uma doença parasitária dos cães, podendo também afetar os gatos. O parasita responsável da dirofilariose é um nemátodo chamado Dirofilária imitis. É um determinado tipo de mosquitos que transmite ao cão as formas larvares do parasita. Estas migram através da pele e da musculatura, penetram nos vasos sanguíneos e finalmente alojam-se no ventrículo direito, na artéria pulmonar e na veia cava. Dependendo do grau de infestação, os parasitas poderão provocar uma redução considerável da função cardíaca, dificuldades respiratórias e uma tosse crónica.
Onde ocorre a dirofilariose?
A prevalência da dirofilariose depende da distribuição dos mosquitos transmissores. De uma maneira geral, a Bacia Mediterrânica é consideravelmente afetada. Em Portugal, as regiões do Ribatejo, do Alentejo, do Algarve e a ilha da Madeira são as regiões mais afetadas, respectivamente com 16,7%, 16,5%, 12% e 30% dos cães positivos.
Mapa da distribuição da Dirofilariose na Europa. |
Como se transmite a Dirofilariose?
Culex pipiens |
A transmissão do parasita do coração faz-se através da picada dos mosquitos fêmeas de uma espécie bem definida (principalmente o Culex pipiens). Os mosquitos ingerem as microfilárias (formas larvares imaturas do parasita) ao mesmo tempo que ingerem o sangue do cão. Os cães doentes são o principal reservatório da dirofilariose e permitem a perpetuação da doença. Após cerca de 10 a 15 dias da ingestão das microfilárias pelo mosquito, as microfilárias transformam-se em larvas infectantes, dentro do mosquito. Quando o mosquito picar outro cão, as larvas penetram no corpo do animal. Após a transmissão das larvas de dirofilária ao cão, estas migram até às artérias pulmonares e até ao coração, onde se desenvolverão até ao estado adulto, demorando este processo até cerca de 6 meses.
Quais são os sinais clínicos mais frequentes?
Os sinais clínicos da dirofilariose, consequência das lesões causadas pelo parasita ao nível do coração e dos vasos sanguíneos adjacentes, aparecem vários meses após o cão ter sido picado. As dirofilárias adultas podem medir entre 15 a 35 cm e vivem, principalmente, dentro das artérias pulmonares e do coração do cão. Numa fase precoce da doença, o cão demonstra poucos sinais clínicos. Estes vão evoluindo com o tempo, sendo os principais: a tosse crónica, a diminuição da tolerância ao exercício e a perda de peso. Posteriormente aparecerão a dispneia (dificuldade em respirar), a febre, podendo desenvolver-se também ascite (líquido na cavidade abdominal). A morte dos parasitas pode levar à ocorrência de tromboses em vários órgãos. Na ausência de tratamento, a dirofilariose pode ser fatal.
Como se pode diagnosticar a dirofilariose?
O diagnóstico pode ser feito de várias formas. Uma é através de um esfregaço de sangue, observado ao microscópio, para tentar detectar a presença de microfilárias. Outra forma, é através da recolha de uma amostra de sangue para detectar a presença de antigénios de parasitas adultos. Este teste só deve ser efetuado cerca de 6 a 7 meses após a infecção.
Como se pode tratar a dirofilariose?
A dirofilariose tem tratamento. Os métodos de tratamento existentes atualmente são prolongados e implicam um acompanhamento frequente e regular por parte do médico-veterinário. São geralmente compostos de injeções e medicações orais.
Microfilário em esfregasso sanguineo. |
O tratamento não é livre de efeitos secundários. Estes são mais frequentes e severos quanto maior for a infestação. Os efeitos secundários estão muitas vezes associados com os próprios medicamentos e/ou com a morte dos parasitas adultos, que pode levar à formação de tromboses.
Como se pode prevenir a dirofilariose?
A prevenção pode ser feita com comprimidos mensais ou com injeções, que devem ser iniciados com alguma antecedência em relação ao início da época anual de atividade dos mosquitos transmissores da dirofilariose. Estes tratamentos têm como objetivo a eliminação das formas larvares da Dirofilária transmitidas pelos mosquitos, evitando que estas evoluam para parasitas adultos. Ou seja, estes tratamentos profilácticos não evitam que os mosquitos piquem nos cães.
Dirofilariose e o Aedes albopictus
Pesquisa entomológica, na cidade de Niterói, para identificar vetores de dirofilariose, mostrou que o Aedes albopictus foi a quinta espécie de mosquito mais frequente. Foram capturadas 109 fêmeas, usando isca humana, cão e gato. Dessas, 108 preferiram a primeira isca e apenas uma foi coletada em gato. A isca canina não foi procurada pelo Ae. albopictus. Na cidade de São Luís, MA, pesquisa semelhante capturou, entre março de 1996 e maio de 1997, 353 mosquitos Ae. albopictus, que foi o segundo mais frequente, representando 20,3% do total coletado. Destes, 350 exemplares foram capturados com isca humana e 3, com canina. As fêmeas foram dissecadas para pesquisa de D. immitis, com resultado negativo.
Mosquito Aedes Albopictus. |
Em estudo realizado em populações de Ae. albopictus do Estado da Carolina do Norte, EUA, entre 1987 e 1988, observou-se a presença de larvas deterioradas de D. immitis, de primeiro e terceiro estágios, nos túbulos de Malpighi. Esse achado sugeriu que a espécie não seria hospedeira potencial para o parasito. No entanto, estudos realizados em 1993, em 10 populações de Ae. albopictus, mostraram que sete eram susceptíveis em graus variáveis, e três refratárias (SCOLES E CRAIG 1993, citado por NAYAR e KNIGTH 1999 p. 442). Estudo realizado em laboratório, com população de Ae. albopictus de New Orleans, demonstrou que essa apresenta-se susceptível, em graus variáveis, de 22 a 74%, à infecção pela D. immitis, enquanto em outras populações americanas a susceptibilidade variou entre 2 e 33% (SCOLES e CRAIG 1993, SCOLES e DICKINSON 1995, citados por NAYAR e KNIGHT 1999, p. 446). NAYAR e KNIGHT (1999) observaram que fêmeas infectadas pela ingestão de número elevado de microfilária (234,2±37,6) tinham sobrevivência mais baixa, cerca de 15%. Em contraste, aquelas que ingeriram baixo número (22,9±3,2) apresentaram taxa de sobrevivência de 63%. Os autores mostraram que apenas pequena proporção (10%) da população parental de Ae. albopictus foi susceptível à infecção pela D. immitis. A geração F1 mostrou incremento distinto da susceptibilidade (2,4 vezes), sugerindo que esta pode aumentar, rapidamente, por seleção experimental e tem base genética. Recentemente, na região central de Taiwan, observou-se, em laboratório, que o Ae. albopictus pode atuar como vetor natural da D. immitis, apresentando maiores taxas de infecção do que o Cx. quinquefasciatus.
COMISKEI e col. (1999) estudaram a co-infecção do Ae. albopictus por Ascogregarina taiwanensis e D. immitis, em condições de privação de nutrientes e de fornecimento normal de alimentos. Paralelamente, compararam-se os resultados obtidos na infecção mista e isolada por D. immitis. Assim, fêmeas infectadas por ambos os parasitos e apenas por D. immitis foram examinadas, 15 dias após a infecção oral. Aproximadamente, 60 a 70% das larvas de todas as fêmeas estavam infectadas por filárias. Em condições de nutrição deficiente não houve, praticamente, diferença na taxa de infecção por filárias ou na mortalidade entre as fêmeas com infecção única ou simultânea. Já com abundância de nutrientes, as fêmeas infectadas por ambos os parasitos tiveram taxa de infecção mais alta e mortalidade mais baixa do que as não infectadas com A. taiwanensis. Os autores demonstraram que, em ambiente com altos níveis de nutrientes, a infecção por A. taiwanensis aumenta a competência vetora do Ae. albopictus para transmitir a D. immitis.
O Ae. albopictus não é considerado, até o presente momento, bom vetor para D. immitis, porém, está se adaptando ao parasito e se dispersando rapidamente pelo continente americano. Embora a doença em humanos seja rara, ela se reveste de importância, dados os diagnósticos diferenciais e os meios, atualmente disponíveis para tal.
Dirofilariose, larva madura. |
Coração infoectado com dirofilárias. |
Microfilária da Dirofilária immitis. |
Ciclo da dirofilariose. |
Fontes:
Site Wikipedia. A enciclípédia virtual.
Site Scalibor®.
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